Perigo para bebês
Na revista Pediatrics (vol. 89, nº 4, abril de 1992) foi publicado um artigo intitulado "Efeitos da radiação de microondas em fatores anti-infecciosos do leite humano". Richard Quan, médico de Dallas, Texas, era o primeiro nome da equipe que realizou o estudo. John A. Kerner, médico da Universidade de Stanford, também fazia parte da equipe, e foi citado num artigo resumido sobre a pesquisa publicado no número de 25 de abril da revista Science News.
Para dar todo o gostinho do que pode ainda surgir a respeito das microondas, eis aqui o resumo: "Mulheres que trabalham fora podem extrair e armazenar leite do peito para alimentar o bebê em sua ausência. Mas pais e responsáveis devem ter cuidado quanto à forma de aquecer este leite. Um novo estudo demonstra que o aquecimento de leite humano com microondas - mesmo em ajuste bem baixo - pode destruir algumas de suas importantes qualidades de combate a doenças. O leite do peito pode ser refrigerado com segurança por alguns dias, ou congelado durante um mês; no entanto, estudos mostraram que o aquecimento do leite a temperaturas acima da temperatura média do corpo - 37°C - pode destruir não só seus anticorpos contra agentes infecciosos com também suas lisozimas, ou enzimas que digerem bactérias".
Assim, quando o pediatra John A. Kerner Jr. observou enfermeiras neonatais amornando ou aquecendo leite materno no forno de microondas em sua sala, ficou preocupado. No número de abril de 1992 de Pediatrics (parte I), ele e seus colaboradores da Universidade de Stanford relataram a descoberta de que leite materno não aquecido e submetido a microondas perdeu a atividade da lisozima e anticorpos e promoveu o crescimento de bactérias potencialmente mais patogênicas. O leite aquecido num ajuste alto (72°C a 98°C) perdeu 96% de seus anticorpos imunuglobulina-A, agentes que detêm micróbios invasores.
Kerner diz que o que realmente o surpreendeu foi descobrir alguma perda de propriedades anti-infecciosas no leite submetido às microondas num ajuste baixo - numa média de apenas 33,5°C. Alterações adversas em temperaturas tão baixas sugerem que o próprio forno de microondas pode na verdade causar algum dano ao leite, além e apesar do aquecimento.
Mas Randall M. Goldblum, do Instituto de Medicina da Universidade do Texas em Galveston, discorda e diz: "Não vejo nenhuma prova inconteste de que as microondas tenham causado algum dano. Foi o aquecimento." A degradação de lisozimas e anticorpos nas amostras mais frias pode simplesmente refletir o desenvolvimento de pequenos pontos mais quentes - potencialmente 60°C ou mais - durante o aquecimento com microondas, como observou Madeleine Sigman-Grant, da Universidade do Estado da Pennsylvania em University Park.
E isso é de se esperar, segundo ela, porque o aquecimento por microondas é inerentemente irregular e bastante imprevisível quando envolve volumes menores que quatro mililitros, como foi o caso no estudo de Kerner.
Goldblum considera o uso de microondas para aquecer o leite uma idéia especialmente má, já que provavelmente levará parte do leite à fervura antes que o todo esteja sequer liqüefeito. O Centro Médico da Universidade de Stanford não aquece mais o leite materno no microondas, como observa Kerner. E Sigman-Grant acredita que esta é uma providência apropriada, por causa das pequenas quantidades de leite servidas pelos hospitais aos recém nascidos, especialmente aos prematuros. O pesquisador Quan, em entrevista por telefone, disse acreditar que os resultados das pesquisas até agora exigem estudo mais detalhado dos efeitos do forno de microondas sobre os nutrientes.
A frase abaixo, do resumo da publicação de uma pesquisa, é muito clara:
"Cozinhar com microondas parece ser contra-indicado em caso de altas temperaturas, e existem dúvidas quanto a sua segurança mesmo em temperaturas baixas."
A afirmação final da conclusão do estudo é a seguinte:
"Este estudo preliminar sugere que o aquecimento do leite humano com microondas pode ser prejudicial. São necessários mais estudos para determinar se e como se podem usar as microondas com segurança."
Infelizmente, por enquanto não há mais estudos previstos.
Se você quisesse colocar um suplemento alimentar de ervas no mercado americano, alegando benefícios à saúde, teria de apresentar documentação detalhada e fazer pesquisas caras. Mas a indústria de fornos de microondas só teve de provar que as perigosas microondas podiam realmente ficar contidas dentro do forno sem escapar para a área em volta, onde a radiação poderia fazer mal às pessoas. A indústria admite que algumas microondas escapam mesmo dos melhores fornos. Até agora, a indústria não deu a menor atenção à possibilidade de que os nutrientes possam ser alterados a ponto de se tornarem prejudiciais à saúde. Isso faz sentido numa terra que encoraja os fazendeiros a envenenarem as colheitas e o solo com quantidades maciças de substâncias químicas sintéticas e incentiva os fabricantes de alimentos a utilizar aditivos que aumentam a vida de prateleira de seus produtos, sem se importar com o potencial de degradação da saúde do consumidor.
Se você quisesse colocar um suplemento alimentar de ervas no mercado americano, alegando benefícios à saúde, teria de apresentar documentação detalhada e fazer pesquisas caras. Mas a indústria de fornos de microondas só teve de provar que as perigosas microondas podiam realmente ficar contidas dentro do forno sem escapar para a área em volta, onde a radiação poderia fazer mal às pessoas. A indústria admite que algumas microondas escapam mesmo dos melhores fornos. Até agora, a indústria não deu a menor atenção à possibilidade de que os nutrientes possam ser alterados a ponto de se tornarem prejudiciais à saúde. Isso faz sentido numa terra que encoraja os fazendeiros a envenenarem as colheitas e o solo com quantidades maciças de substâncias químicas sintéticas e incentiva os fabricantes de alimentos a utilizar aditivos que aumentam a vida de prateleira de seus produtos, sem se importar com o potencial de degradação da saúde do consumidor.
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