A cozinha é o lugar mais reconfortante da casa porque nele encontramos alimento para o corpo e para a alma. Deixe a Natureza entrar na sua e esqueça os produtos feitos pela indústria alimentícia em geral, que não coloca amor nesse ato nem está preocupada com a saúde do seu organismo e o de sua família!

Esse é um dos segredos de manter o bem-estar - não entregue essa função vital a terceiros - ponha a mão na massa, deixe a preguiça de lado e estabeleça como prioridade fazer a comida que vai mantê-lo longe das doenças!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A dieta da pré-história

FONTE: Revista Época/29/11/2004

Movimento afirma que a espécie humana não se adaptou à descoberta do fogo e prega consumo exclusivo de comida crua

O fogo, domesticado pelos primeiros humanos há cerca de 120 mil anos, foi um dos fatores determinantes para que a espécie sobrevivesse à era glacial.
Sem o fogo, estaríamos extintos. Mas isso não impede que ele caia em desuso.
O último modismo gastronômico americano, o crudivorismo, ou raw food, prega uma dieta baseada no consumo exclusivo de frutas, castanhas, folhas, algas, cogumelos, grãos germinados e, eventualmente, mel.
Tudo cru, e de preferência orgânico.
A premissa é que o corpo humano só estaria adaptado a consumir os alimentos como a natureza os fornece, da mesma maneira que o fazem os animais. A afirmação não tem base científica, mas os participantes do movimento não se abalam com isso - segundo David Wolfe, o papa dessa corrente, as universidades não apóiam sua teoria ''porque ela contraria os interesses das grandes corporações''.

O movimento, que surgiu no início da década de 90, já fez o prato de celebridades hollywoodianas como a atriz Alicia Silverstone e o ator Woody Harrelson. Demi Moore atribui sua forma física à dieta crua (mais duas horas de malhação por dia), mas há suspeitas de que ela não é totalmente fiel ao receituário. Independentemente da badalação dos famosos, a gastronomia sofisticada e instigante inspirada na dieta radical é a mais efetiva publicidade do movimento. O restaurante Deloonix, de São Paulo, com inauguração marcada para janeiro, dedicará 40% do cardápio à comida crua. Os pratos brincam com as formas da comida convencional. A novidade está nos ingredientes e nas maneiras de processá-los - nada ultrapassa a temperatura de um dia quente de verão. Resulta em sabores inusitados.
Mas este deve ser só o começo: existem mais de 60 restaurantes de comida crua nos Estados Unidos e pelo menos cinco no Canadá. A Costa Rica abriga inúmeras oficinas e spas crudívoros. E o movimento já foi exportado para países da Europa, como Inglaterra, Holanda e Alemanha.

O guru David Wolfe, de 34 anos, declara estar longe do cozido há uma década.
''Só porque conseguimos mastigar algo e viver o suficiente para contar a história, não significa que estejamos consumindo a melhor comida'', ironiza. Wolfe tem seis livros sobre o assunto e comanda o site Nature's First Law (www.rawfood.com), que comercializa mais de 500 itens relacionados à nova dieta. Os crudívoros americanos sustentam que o ser humano só deve comer frutas, castanhas e folhas verdes. Os brasileiros complementam com grãos germinados.
''Crudivorismo é simplesmente a dieta eterna de todas as criaturas da Terra'', prega Wolfe. Provavelmente ele não liga para as evidências antropológicas. A partir das arcadas dentárias de nossos ancestrais e de restos encontrados em sítios arqueológicos, elas apontam para uma dieta variada, até com carne putrefata. Além disso, estudos mostram que vários alimentos ''naturais'' e ''orgânicos'' são tão perigosos quanto qualquer outro quando consumidos em excesso - brotos de bambu podem conter cianeto e já mataram muita gente, excesso de grão-de-bico causa até lesões neurológicas e soja pode provocar desequilíbrio hormonal em mulheres. Wolfe, que prega contra as ''grandes corporações'', afirma não saber se é ou não um homem rico. Mas diz que reinveste 70% do que ganha e doa 20% para sua ONG, a Fruit Tree Planting Foundation (Fundação Plantadora de Árvores Frutíferas), cujo objetivo é cultivar 18 bilhões delas pelo mundo.

Embarcar na nova prática não é tão natural quanto se prega. Para superar as dificuldades, surgiu a figura do raw-coach, espécie de treinador aos aspirantes do crudivorismo. O terapeuta Fernando Travi, praticante da dieta há cinco anos, assessora a mudança gradual dos interessados. Ele se refere à prática como Biogenia, uma ciência que, ao pé da letra, significa geração de vida. ''A decadência do homem começou com o uso do fogo'', afirma Travi. O ex-psicólogo recomenda que os vegetais sejam consumidos inteiros e que as refeições incluam, no máximo, três alimentos distintos. ''Com uma maçã e um punhado de amêndoas já temos um almoço.'' Concorda com os preceitos alimentares de David Wolfe, mas aconselha também leite fresco de vaca aos pacientes. Planeja para breve realizar oficinas de crudivorismo em uma fazenda na região de São Francisco Xavier, no interior de São Paulo. Será o primeiro spa cru.

No Rio de Janeiro, há até um grupo de estudos. O Biochip foi fundado por Ana Branco, professora do Departamento de Artes da PUC, que vive de vegetais crus há dez anos. A dieta já virou princípio artístico. A partir de extratos das frutas, sementes e hortaliças, Ana cria pigmentos para compor o visual dos pratos.
Inspirada na experiência de mudança alimentar, a médica Maria Luiza Nogueira, irmã de Ana Branco, criou na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) o projeto Terrapia, um campo de experimentação para as descobertas do Biochip. ''O crudivorismo, ou alimentação viva, trabalha com o conceito de energia vital'', afirma a médica. ''A dieta se baseia na Biofísica, que estuda as questões dos elétrons, dos fótons, dos campos eletromagnéticos. Você alimenta esse campo, não necessariamente a matéria'', explica. O Terrapia, fundado há sete anos, tem uma horta orgânica e um centro comunitário, aberto ao público. De segunda a sexta-feira, os interessados podem aprender a fazer suco de clorofila e preparar comida crua. Antes de comer, entoam um cântico indígena cujo refrão, ''biu-porã'', significa ''comida boa''.



Almôndegas de Quinoa Germinada


Ingredientes
1 xícara de aipo
1 xícara de quinoa germinada
1 xícara de nozes
1 xícara de linhaça dourada em pó
1/2 xícara de azeite
1/2 cebola
1/2 xícara de passas
1 CS de sal marinho
1/2 xícara água mineral

Como fazer

Bater tudo no processador e adicionar a linhaça em pó no final.

Formar bolinhas e colocar para desidratar em uma grelha sobre uma panela de barro a 38 graus.

Molho de cenoura:
1 pedacinho de gengibre
1 cenoura grande
1/4 xícara de castanha-de-caju crua (oito horas de molho)
1 xícara de linhaça dourada em pó

Molho de tomate:
1 xícara de tomate seco (duas horas de molho)
6 tâmaras
2 xícaras de tomate
1 pitada de sal marinho

Salada de rúcula com linhaça germinada, tâmaras e peras:
Lavar e higienizar um punhado de rúcula. Fazer um molho com tâmaras, limão e azeite. Acrescentar linhaça germinada. Enfeitar com tiras de pêra.

Montagem
Colocar o molho de cenoura no prato, depois a almôndega em cima e em seguida o molho de tomate. Ao lado colocar a salada de rúcula com linhaça.

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